quarta-feira, 7 de outubro de 2009

UTOPIA – O SONHO DA CAVERNA IDEAL PARTE II


Na Índia, decepcionado pelo choque dos extremos de luxo e miséria, o jovem príncipe Gautama Sidarta, o Budha, construiu a utopia do Nirvana, o supremo estado de consciência, cujo acesso seria possível pelos nove degraus da meditação e do controle do desejo.

Esvaziar a mente, fugir da ilusão e entregar-se ao poder da vontade era o caminho para o mundo feliz, sem dores e decepções.

Na mesma Índia, Krishna, o sábio e provável autor dos Vedas, já havia cantado nesses célebres poemas a epopéia da Criação Divina e do tempo interminável.


Na Pérsia, Zoroastro elaborou uma das primeiras utopias da regeneração, contida no Zend-Avesta, o paraíso que foi construído após uma longa batalha entre o Bem e o Mal, lugar reservado aos justos e escolhidos.


Os filósofos Lao-tsé e Confúcio, na China, criaram a utopia da Honestidade e da Paciência, poderosos sustentáculos da civilização indestrutível.


Na Grécia antiga, reduto de inúmeros filósofos e estadistas, onde imperava a razão e o pragmatismo, onde Deus se chamava Logos Spermátikos, Sócrates desafiou o sistema e a morte, falando da Pneuma, ou a possibilidade da Alma e do Mundo da Idéias, e Platão, seu discípulo mais querido, escreveu na “República” a utopia do Estado perfeito, a polis ideal.

Em Roma, provavelmente pela primeira vez, aparece a utopia de um Estado Mundial. O domínio do mundo, motivado pela ideal de força e honra, foram idealizados primeiramente no Marenostrum, o espaço geográfico conhecido e desejado na época de Cartago e, posteriormente, na política da Pax Romana, e representado na figura do Imperium, simbolizado politicamente por César.

O estado Mundial Romano só não foi viabilizado por causa das limitações tecnológicas da época e, pelas contradições inevitáveis do sistema militar-escravista. Para contrapor essa pretensão do supremo poder material, surge no próprio seio da dominação romana, de forma desconcertante, a utopia da igualdade e do amor ao próximo, idealizada pelo Cristianismo.

Nela um simples o rabino judeu, filho de carpinteiro, propunha a conquista do Reino de Deus, onde o braço poderoso de César jamais alcançaria.

O Reino não era desse mundo e recomendava o sacrifício da própria vida, caso a idéia da imortalidade fosse colocada em xeque.

Os martírios, projetados para supervalorizar a crueldade do materialismo romano, tiveram efeito contrário na mente dos expectadores dos famosos circos.

O ataque dos leões e as chamas que fulminavam os corpos despertavam na mente popular o remorso, a atração e a simpatia pela Boa Nova. Roma sucumbiu.

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